segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Vida de Samurai

Quando penso no passado, acho que ele correu de mim, ou, ao contrario, eu corri dele. Na verdade, acho que é mais provável que fiquemos correndo um do outro.

Vivendo em direções opostas.

Diferente de muitos, eu vivo constantemente por um futuro cheio, e um passado vazio. Desejo está fora das lembranças alheias, e desejo não construir um passado meu. Filtro experiências e as carrego no bolso, só pra não ter que olhar por cima do ombro. Caminho como um samurai. Não volto, ataco em um único sentido, e tento ser mais rápida que o Destino, o meu único inimigo, que por ser imortal, não me permite descanso. Ao contrario do que parece, principalmente, por eu ter um caminho único, não significa que eu ganhe sempre. O destino às vezes me vence. Me transforma em mais um fato, em mais um inimigo vencido. E me arranca alguma coisa.

Todas as minhas cicatrizes são de batalhes perdidas, e todo o sangue que mapeia meu caminho, fora tirado por ele. Tentada, às vezes desejo olhar os meus feitos, mas tenho medo. Existem muitos tipos de coragem, e a que me falta, é consumida pelo medo de sentir-me sozinha. Então tento não estar, mas não digo que vivo acompanhada, apenas me permito deixar que um outro me siga, por um curto tempo, já que o meu sentido, o meu caminho, não permite que eu tenha uma companhia.

Por poucas vezes, me senti sendo seguida, uma mão pressionando meus ombros, me aquecendo. Por poucas vezes senti-me sendo seguida por mais de algumas curvas. Por poucas vezes, achei que valia a pena, olhar quem estava em meu encalço.

Às vezes acho que é o passado.
Às vezes acho que é o presente, desejando fazer parte do meu futuro.
Às vezes eu sinto seus dedos tocando nos meus.
Às vezes eu desejo aperta-los contra meu peito. Mas... Só às vezes...

Um comentário:

  1. "Por poucas vezes, achei que valia a pena, olhar quem estava em meu encalço."

    Sabe, acho que de alguma forma eu te entendo... entendo mesmo.
    Eu também. Mas só às vezes.

    ResponderExcluir